quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O Leão e a Princesa.



Rafael de Andrade.


“Provenho de uma raça notável pelo vigor da imaginação e pelo ardor da paixão, chamaram-me de louco”, Edgar Allan Poe, Eleonora.


Eis meu prólogo:


Todos vocês estão presos a uma rede que coube a vós mesmos criar. Chamar simplesmente de aceitação é uma demonstração de incapacidade de mutação, incapacidade de superação. E sabemos que perder tempo é essencial para o homem que acredita no tempo, se divertir é essencial para o homem que acredita que precisa se divertir e desferir palavras inúteis para com o outro é de fato uma afirmação de inutilidade de quem as professa. Pois bem, todas as minhas palavras serão como leves estocadas no corpo podre destes que acreditam serem os únicos seres da terra que merecem importância, que pensam ser reis ou qualquer outra espécie de autoridade imbecil, que atravessam o caminho das pessoas trazendo dor e saem impunes. Eu sou o instrumento de vossa tortura, eu sou seu algoz, eu sou tua fogueira e tua forca, de medo de mim irão se banhar em vossa urina e fezes, onde irão clamar por deus e por suas mães. Eu não sou dono da verdade: eu a odeio.


E odeio toda espécie de comodidade, odeio toda espécie de passividade frente ao que é imposto por verdade. Compreendemos que seguir a corrente das coisas é demasiadamente fácil, é o que é aceito e aplaudido por todos: Festejemos! Façamos festa para vossa imbecilidade! Sois imbecis demais para sequer perceber que há um caminho inexoravelmente trilhado por todos que querem deixar de ser homens póstumos ou sedados, por todos que querem deixar de ser animais no cio, machos e fêmeas se preparando para o coito, machos e fêmeas numa pseudo orgia desregrada sem realmente conhecer o que há de prazeroso na vida.


Eu não posso me queixar de nada, sou um ser demasiadamente feliz e consigo chegar ao orgasmo em quase tudo que faço: Sinto prazer em minhas leituras, em escrever, em estar com minha família, com minha namorada, com meus amigos e irmãos enquanto vós buscais desesperadamente por um prazer em um copo de bebida ou em um corpo e de fato só sentem o vazio de voltar para casa embriagado e se sentido usado enquanto eu posso sentir prazer na simples contemplação do que é minha vida em alguns minutos permanecendo pensativo. E para saudar a felicidade, escreverei mais de mil palavras.

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