
Por: Rafael Ademir O. de Andrade.
O dragão: réptil, serpente, grande serpente, inimigo, mal, esperteza, engano, avareza, egoísmo, demônio, corrupção, terror, deus, sabedoria, imortal, força, magia, caminhos, rios [subterrâneos, superfície, celestiais], idéia e materialidade: escamas, espinhos, garras, chifres, olhos de serpente, língua bifurcada, dentes, asas, quatro patas, cauda longa e fina [um chicote!], capaz de: voar, carregar um cavalo em vôo, desferir rajadas de fogo ou veneno pela boca, falar, seduzir, roubar, destruir cidades inteiras, perturbar, apossar-se, corromper, caçar, salvar, ensinar, guiar, imortalizar.
O vôo: inicio, pôr do sol, em direção ao sol, sozinho, medo, o vento ainda morno, as montanhas, o desafio, vontades, desejos, se aproxima sempre mais, o sol se vai. Noturno vôo, busca a lua, um diferente, seu caminho de destruição, já não quer mais, busca, pálida amante, voa, urra, lacrimeja, esbraveja, amaldiçoa a condição de ser dragão. Frio, ventos, novas paisagens, modificadas pela falta de luz, mistérios, sombras, curiosidade, novos medos, novas vontades: voar em direção a lua. Incansável, determinado, corajoso, impulsionado [pelo o que?], sonhador, voa sem parar. A lua: circulo, cheia, guerreiros, caça foice, morte, crescente, minguante, nova, traição, luz, arco no céu, marés, amantes, romances, mortes, guerras, caças, desaparece, ao surgir do sol. O dragão, cansa, pragueja, volta, mata, come, dorme, a lua some.
O ataque: Armas naturais: cauda, dentes, garras, chifres, asas, baforada, encontro. Morde, arranha, perfura, chicoteia, derruba, arremessa, queima, cauteriza, envenena, corrói, desorienta, enfraquece, revolta, incapacita. Sem retribuição, certeiro, derradeiro, mortal, animal, emocional, racional, retórica, convencimento, sussurros, gritos, olhares, outras armas do dragão.
A caça: Deseja, escolhe, espreita, apaixona-se [o alimento é paixão], aproxima-se, furtivo, cauteloso, observador, silêncio, nervosismo, taquicardia, escorre o suor, esfrega a língua nos dentes, sorri docemente, levemente, fervorosamente [é um ato de fé, o caçar], urra, voa, corre, avança, empurra, morde, rasga, balança, arremessa, eleva, abaixa, luta, mata, dilacera, morde novamente, mastiga, engole, arrota, processa, defeca, sente fome.
O encanto: Sina de dragão é se encantar por princesa. Sina de dragão é sempre ter que caçar, sempre ter que matar, sempre ter que devorar, sempre ter que raptar princesas. A princesa: pureza, amor, carinho, família, filhos, filha do rei, o marido herda o reino, título de cortesia, libertinagem, uma prisioneira [que é liberta pelo raptor : prisioneira novamente : quando o dragão morre, torna-se cativa novamente, pelo rei-pai ou pelo príncipe-assassino : daí, tornar-se-á dragão também : pelo medo da morte, pela traição.] devassidão, sujeira, traição, atrai o dragão com suas inúmeras faces.
O rapto: Dragão, castelo, noite, dia, tarde, guardas, coadjuvantes, [facilmente] mortos, desespero, medo, rainha, se veste, deixa o amante, corre para o rei, que está defecando, acorda o cavaleiro, que é o amante [da rainha? Da princesa ou do rei?], quarto, princesa, desnuda, masturbando-se [toca, geme, abre, contorce, sussurra nome de poder, deseja o pai, no cavaleiro, molha os dedos, re-lembra o membro, a história de uma pornografia], o dragão, derruba, entra, rapta, voa, flechas, ininterruptas, sem efeito, couro grosso, armadura escamosa, uma distância, foge, covil.
O covil: Caverna, montanha, casa ou mansão? Ossos no chão: humanos, de cervos, de elefantes, de macacos [ou crianças], de cobras, de cavalos, de outros dragões. Ovos: quebrados, sem conteúdo, devorados na ultima chuva, privados de uma existência, prova de amor, retirados da dor, a dor que ele sente, quer ser ovo, quer ser destruído, não quer. O casal: chega no covil: ela: grito, choro, pontapés, tapas, tenta correr, morde, esbofeteia, nua, ferida, confusa, humilhada, perdida. Ele: o dragão: feliz, triste, vivo, faminto, provocado [pelas belas formas], convocado, instigado, tarado, sonolento.
O resgate: O rei: O amante: Os soldados: Infantaria, Arqueiros e montados, espadas, machados, maças, manguais, arcos, bestas, flechas, dardos, escudos, elmos, botas, celas. Avante! Como uma boa ordem já dada, protagonistas, mortos, herói violado, coadjuvantes bastardos, todos marcham. O covil, o batalhão, o dragão, a princesa, o rei, o cavaleiro-amante, encontro fatídico, batalha, armas quebradas, escamas arrancadas, rei morto, cavaleiro morto, coadjuvantes mortos, dragão ferido, princesa ferida.
O continuar: Dragão e Princesa: feridas, língua, lágrimas, cura, gratidão, desejo, mãos, membro, língua, boca, ejaculação. Pernas, lábios, penetração, movimento, beijo, sussurros, gemidos, palavrões, urros, gozo. Tempo: segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos : gravidez, filho, um meio-dragão-meio-homem [totalmente fera].
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