terça-feira, 29 de abril de 2008

Penso e logo peso.


Por: Rafael Ademir Oliveira de Andrade


Hoje foi um dia totalmente diferente dos outros, cheio de significados e no final mais um dia de muitos. Entretanto, como disse, foi diferente, ajudei meus amigos em um trabalho físico e mal eles sabiam que me trabalhavam espiritualmente também, no final, recebi agradecimentos de ambos, mas na verdade, eu que devia agradecer. O trabalho não tem necessidade de ser dito aqui, não importa, apenas fiquei cansado, mas hoje em dia, me canso com mais coisas que o normal. Sou grato a Deus por me dar saúde para poder trabalhar pelos meus amigos, bem grato.

Vi, durante este trabalho, duas crianças brincando, um garoto e uma garota, e consegui observar a conversa. Ela falava em casamento e em quando eles teriam um filho, somente um, ressaltava, e o menino, logo desmentia, pois não queria se casar nunca, nunca! Ri bastante da situação e me lembrei de outras que passei. Pensei sobre casamento, ter filhos, imaginei-me no futuro, com o Gabriel grande, tendo um pequeno ciúme de suas irmãs, suas? sim, suas irmãs gêmeas. Lembrei-me dos amigos que dizem que nunca terão filhos nem se casarão, e refleti sobre os exemplos de eternos solteirões que conheci em minha primeira faculdade, aparentemente felizes, mas o que se pode dizer por dentro? Nada! somente eles sabem a resposta. Não quero isto para meus amigos. Acredito na felicidade a dois, mesmo que com doses de egoísmo, como dizia Cazuza, mas acredito. Quero trabalhar física e espiritualmente para encher o mundo de Andrades, sangue do meu sangue, descendentes dos grandes Wilson e Ademir. Cometi alguns erros, não quero cometer mais, e desses erros o meu maior acerto é meu filho Gabriel Ademir.


Ouvi, durante o trabalho, um senhor cantarolar alegremente o trecho de uma música que diz: Que país é este? Ele cantou quinze vezes, somente esta parte da música, parecia que queria me atingir, me instigar a razões filosóficas e políticas. E conseguiu. Pensei na identidade nacional, em patriotismo, em corrupção, em movimentos estudantis, no capitalismo, na democracia, em muitas outras coisas. Mas, era isso que ele queria realmente de mim? Afinal, meus pensamentos não são diferentes do pensamento de centenas de brasileiros. Aquele senhor e não somente ele, todo o mundo, espera de mim um pensamento diferente dentro do mesmo questionamento (que país é este?). Qual é a chave e qual o objetivo de tal pensamento? Continuar nesta linha de raciocínio me levaria a loucura, melhor definir parâmetros agora. A razão de todo pensamento político é melhorar o modo de vida dos cidadãos das pólis (cidades), bem isto é um inicio. Agora, o que se compreende por cidadão? É todo aquele que detém dinheiro e conseqüentemente poder ou todo aquele que nasce dentro dos domínios de um certo estado e logo se denomina participante dele? A segunda afirmativa parece a mais viável, afinal, somos todos brasileiros, cidadãos. Bem, com estes pensamentos, analiso a situação atual do estado Brasileiro, uma boa parcela da população sofrem por terem condições de vida precárias, logo, meu pensamento político deve se reter a melhorar as condições de vida destes miseráveis cidadãos. Mais uma vez me vejo preso ao pensamento comum dos incomuns...continue, continue. Como mudar a situação destes brasileiros? Através da revolução ou de ações isoladas dentro dos panos do sistema capitalista?


O pensamento Marxista me impede de pensar na revolução, pois não conseguirei mudar o modo de produção a ponto de desestruturar a macroestrutura do sistema a não ser que detenha capital para isto, o que me parece ser estranho. As ações isoladas servem apenas como paliativo para as maiores dores, dando uma sensação de alivio temporário para uma dor ininterrupta, o que me agrada, mas não é a decisão definitiva, no final, os miseráveis morrerão de forma horrível. Uma terceira opção me vem a mente, a de procurar elevar o grau de tensão social no sistema a ponto de que tudo se destrua, e dos sobreviventes desta situação, surja uma nova sociedade, mas logo me lembro de holocaustos provocados por sobreviventes de catástrofes que chegam ao poder, melhor não.



"Eu não me sinto bem em acreditar que o mesmo Deus que nos deu a Razão e a inteligência esqueceu do uso desses dons" Haggard, The Observer.

sábado, 26 de abril de 2008

A "razão perfeita" Parte I


Por: Rafael Ademir Oliveira de Andrade.



O homem tanto se “enche de si” por ser possuidor da razão. Entretanto apenas troca seus instintos primitivos para reagir a estímulos sociais diversos. Para se definir levianamente algo, não é necessariamente preciso que se seja possuidor desta coisa, é somente preciso que tenha se observado o objeto por um determinado tempo, assim como posso descrever movimentos sociais de forma leviana, apenas convivendo, mas só irei descreve-lo de forma exata no momento em que fizer parte dele, pois há, inserido no contexto, um sentimento que não compartilho e a ciência não me permite sentir, apenas observar utilizando-se de experiências de acordo com um método. Assim é a razão, é visualizar o objetivo (função, essência) das coisas de forma clara, se perguntar: Para que faço isso? Por que faço isso? E aí por diante.


Nem todos os homens são perfeitos usuários da razão, perfeitos racionais. Muitos apenas respondem a estímulos simples, como dançar coisas sem sentido, fingir ser intelectual, transar com a mulher mais atraente (simplesmente para satisfazer o ego) e outras coisas mais. Nunca deixamos de ser animais, só que agora vivemos em uma selva de pedra, caçando as outras espécies, mas principalmente nós mesmos, a chamada “civilização” não existe, a humanidade não existe como benevolente característica comum dos seres humanos. Na natureza se diz: lute contra o inimigo! E na civilização se diz: lute contra o inimigo! Mas a questão não é de vida ou morte somente, é por orgulho e acumulo.



Trocou-se a cultura de região da idade média, onde as pessoas se identificavam pelo local ou família que tenha nascido, pela cultura de classe na era industrial, onde as pessoas se identificavam pela classe social a que pertenciam. Enfim, agora nada temos, com o mundo globalizado, a aldeia global, sintetizamos todas as culturas em algo esdrúxulo que gira em torno do capital e suas marcas, o homem virou marca, o homem virou máquina. E nesta “coisificação” (termo de uma amiga) ele transforma a todos que o cercam em “coisas” também para que ele possa consumir sem ter o peso na consciência que foi consumido, assim inicia-se um ciclo semi-infinito que só se encerra no momento anterior a morte do individuo onde ele percebe que sua vida não valeu nada, que no final, é um produto ultrapassado sendo jogado no lixo. São como gado que só percebem que irão morrer quando estão na fila do abate, isto quando percebem.

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In - Existência


Alone - Edgar Allan Poe.
Da infância que eu não tive
como os outros são, eu não posso ser
como os outros vêem, eu não pude ser
Minhas paixões de uma primavera qualquer
Da mesma fonte eu não pegarei
Ao duelo, eu não pude despertar
Meu coração para este tom de alegria
E tudo que amei, amei sozinho...